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OPINIÃO: A extrema pobreza e o chicote

Com o ex-presidente Lula preso, algumas pessoas acreditam que os problemas do Brasil acabaram. Trata-se de um enorme engano. Enquanto o feito do juiz Sergio Moro, idolatrado pela elite do país, o mercado financeiro e parte da classe média, ainda é comemorado, a extrema pobreza aumenta. Em 2016, eram 13,34 milhões brasileiros. Em 2017, o número passou para 14,83 milhões, o que gerou um aumento de 11,2%. Os dados do levantamento são da LCA Consultores, com base nas informações da Pesquisa de Rendimento divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A consultoria utilizou a linha de corte do Banco Mundial, na qual observa a renda domiciliar por pessoa, por dia, de US$ 1,90, como limite para a pobreza extrema nos países em desenvolvimento.

Para quem faz de quatro a seis refeições diárias, está tudo bem. E para quem não faz? Que tentem sobreviver como? Que morram de fome? Com o avanço do trabalho informal - 37,1% da população ocupada -, a máxima de trabalhar de dia para comer de noite virou roleta-russa na vida de milhões de brasileiros.

Dados do IBGE, em 2017, informam que o grupo formado por 1% da população mais rica do país ganhou 36,1 vezes mais do que a metade dos mais pobres. A pesquisa revela, ainda, que a parcela dos 5% mais pobres da população brasileira teve um rendimento médio de R$ 40 por mês em 2017. Isso equivale a uma queda de 18% em relação ao ano anterior (R$ 49). Já para a população que compõe o 1% mais rico do país, o rendimento diminuiu em 2,3%.

Mais números mostram o aumento da desigualdade social no Brasil. No ano passado, conforme o IBGE, pelo menos 326 mil domicílios deixaram de receber a renda do programa Bolsa Família. A região Nordeste foi a que sofreu mais impacto: ao todo, 131 mil domicílios nordestinos deixaram de contar com a renda extra. Em situação crítica de vulnerabilidade, os menos favorecidos ficam à mercê da solidariedade e da ajuda de outras pessoas e entidades.

Em entrevista a Lázaro Ramos, no programa Espelho, da TV Brasil, em 2014, o rapper, cantor, compositor e ator Criolo já dizia que "a alma flutua, mas o corpo precisa de alimento". E acrescentou: "Não tem problema nenhum, você ter cinco refeições ao dia, ou seis. O grande problema é nosso povo, a maioria, não ter uma refeição no dia e ainda se sentir culpado". Para Criolo, "a mão que segura o chicote, ela não é invisível".

A segurança alimentar deve ser uma política de Estado, assim como a manutenção efetiva dos programas de renda mínima para a população carente precisa ser prioridade dos governantes. "Enfrentar a fome é enfrentar a pobreza extrema. Na medida em que se coloca a questão da alimentação no âmbito da saúde pública, trilhamos o caminho certo", destaca o economista Francisco Menezes, coordenador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).

A posição ocupada no campo de luta pela defesa da democracia brasileira revela muito da ação praticada pelas pessoas diante do atual quadro vivido no país. Você pode ficar junto com aqueles que defendem um país soberano, livre e zeloso pela manutenção do seu patrimônio e das suas riquezas em benefício da população. Ou pode segurar o chicote na mão e nem ligar para isso. A escolha é livre, assim como a responsabilidade por ela.

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